terça-feira, 25 de agosto de 2009

TV Digital: a Rede Globo já não torce o nariz para a interatividade via Internet

Fonte: Cristina De Luca - Convergência Digital (24/08/2009)

Que interatividade não é assunto novo na TV Globo, todo mundo já sabia. O
próprio diretor de engenharia da Globo São Paulo, Raimundo Correa, deixou
isso bem claro em entrevista publicada aqui, nesta coluna, em maio. O que
ninguém esperava era que a emissora se posicionasse favoravelmente, tão
cedo, ao que o diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt
chama de segundo modelo de interatividade, mais agressivo, com conteúdo
interativo transmitido via internet.

"Nesse modelo vamos combinar o conteúdo de vídeo e interatividade local,
enviados pelo ar, com o conteúdo interativo e multimídia que vai chegar pela
rede de telecom. Acreditamos que essa combinação será muito rica", disse
Bittencourt na última sexta-feira, 21/08, no Projac, em palestra sobre o
futuro da TV.

E não é retórica. Durante a palestra, Bittencourt demonstrou uma aplicação
interativa já em teste pela emissora, que carrega na parte de baixo do vídeo
widgets de conteúdos recebidos da Internet, nem sempre relacionados
diretamente ao programa exibido no momento. Entre eles, notícias do G1,
informações metereológicas e até conteúdo multimídia. Sempre preservando a
imagem do vídeo no formato 4:3.

"Evidentemente, esse modelo de interatividade é um desafio para nós, porque
podemos colocar algo ali que acabe tirando a atenção do telespectador do
vídeo que está sen transmitido no momento. Mas também podemos ter algum
conteúdo que o que atraia. Ou seja, há toda uma oportunidade que, se bem
desenvolvida, atrairá mais as pessoas para os nossos conteúdos. Vamos
trabalhar para colocar mais aquilo que atraia", completou o executivo.

Outro grande desafio é fazer com que boa parte desse conteúdo interativo,
via Internet esteja em sincronismo com o vídeo. "Esse conteúdo poderá vir de
um site, específico, que nos permita fazer uma indexação automática de modo
que o usuário possa consumi-lo sem saber se ele chegou no receptor pelo ar
ou pela internet", disse.

Significa que o receio de tirar o telespectador do programa que está sendo
exibido, levá-lo para outra frente e correr o risco do não retorno à
programação _ que durante anos serviu de argumento na Globo para o combate à
interatividade full (completa) _ cedeu lugar ao pragmatismo.

E a culpa é do mercado, dizem os analistas. Pesquisas de opinião não cansam
de demonstrar que o brasileiro deseja maior interatividade e serviços na sua
TV. Uma grande parcela da população estaria disposta a pagar por serviços de
TV interativa, especialmente se essa funcionalidade já estivesse integrada
em sua televisão. E a população ouvida entende por interatividade vai bem
além a chamada interatividade local, onde a participação do telespectador é
limitada.

Pior. Diante deste cenário e suspostamente atrasada na oferta da
interatividade segundo os padrões do SBTVD, a Samsung teria adiantado o
lançamento de suas maravilhas TVs de LCD com iluminação traseira por LED e
conexão IPTV. E ao fazê-lo, colocado o bode na sala, com anúncio de
parcerias com o YouTube e o Terra.

Bastou!

A Globo arregaçou as mangas e começou a revelar parte da estratetégia que
perente usar para manter o telespectador ligado no conteúdo tradicional que
produz. Perguntado a respeito, Fernando Bittencourt foi claro.

"Daremos acesso a outros conteúdos sem problema, inclusive produzido por
terceiros, desde que não interfiram no nosso conteúdo", respondeu sem
pestanejar.

E explicou: "Hoje a TV paga tem uma grande oferta de conteúdo e mesmo nela
nossos índices de audiência são bem próximos do da TV aberta. Ter qualidade
de conteúdo implica ter audiência. Nós vamos ganhar pela qualidade. Não
vamos ganhar de outra forma. O que a gente não vai permitir, de jeito
nenhum, é que esse conteúdo disturbe o nosso conteúdo. O que não vamos
querer é que o conteúdo distribuído pela internet disturbe o nosso conteúdo
que está sendo oferecido ao usuário", completou.

Broadband vídeo, por exemplo, é um tipo de conteúdo que a Globo vai "brigar"
para não ver sobreposto ao seu.

E onde essa briga vai acontecer? No Congresso?

"Boa pergunta", responde Bittecourt. "Quinta-feira, na SET 2009, coordeno um
painel que vai discutir este assunto. Não perca. Estou chamando advogados,
juristas..."

Os próximos meses prometem...

Link:
http://www.convergenciadigital.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
infoid=20033&sid=54

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